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Out07
Consolar os aflitos
Laura Abreu Cravo
Entrou na igreja e ocupou o banco do costume. Àquela hora estaria vazia não fossem as duas senhoras que compunham os arranjos de flores nos altares. Ajoelhou-se e preparava-se para pedir consolo para as suas aflições quando percebeu o essencial. Rezou e saiu rapidamente sem coragem de pedir nada. Não se pode pedir que Ele resolva problemas que não existem senão numa dimensão imaginada, criados pelas ovelhas angustiadas mas não realmente enfraquecidas pelo inevitável. “Consolar os aflitos” implica que a aflição exista enquanto reacção a um problema que não foi criado por nós e não podemos controlar. Quando a solução está nas nossas mãos, à distância da coragem que se possa ter, o mais que se pode pedir ao Criador é que desça lá de cima e nos pregue um par de estalos. Como só um pai faria.