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Mel Com Cicuta

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room. William Hazlitt

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room. William Hazlitt

Mel Com Cicuta

29
Mai09

...

Laura Abreu Cravo

 

Há Assuntos para arrumar e malas por fazer antes deste blogue poder ir estender-se ao sol e mergulhar nas águas temperadas do atlântico durante o fim de semana. Obrigada ao Delito de opinião, pela hospitalidade (em especial à Ana e ao Pedro), e à Carla, que partilha (mais esta) das minhas paixões. Agora, se me dão licença, vou só ali encher-me de valiums, porque a cicuta não se dá bem com aviões. Aliás, em conversa com um amigo, concluímos que há quem tenha mais medo de andar de avião do que de ir à televisão falar frente a uma infinidade de pessoas; o que só prova que o medo da morte remota consegue ser bastante superior ao medo do ridículo mais provável. 
27
Mai09

...

Laura Abreu Cravo

O dia amanheceu como se tivesse mesmo de ser de felicidade, impondo-se um céu azul sobre o Tejo deitado aos nossos pés no fim da rua comprida. No sentido inverso da amálgama de gente, reconheci a rapariga gótica que me vende sapatos, o austríaco simpático dos brunch de Sábado que acena indistinta e afirmativamente a qualquer frase que se lhe dirija em português, o rapaz do quiosque onde compro os jornais. A vida corre pacata e morna, sem as inquietações de outros tempos, entre planos e projectos e expectativas. Dois rapazes discutem animadamente os planos para a final da champions league logo à noite, as manchetes dos jornais oferecem-nos bocados do espectáculo de Oliveira e Costa no parlamento e, de forma algo turva, continuo a ver Marinho Pinto aparecer entre o empedrado da rua vomitando disparates. Passo por tudo, desatenta, sem que me apeteçam pessoas e sol e a comunhão dos que assistem ao futebol. Sem a justificação que as nuvens melancólicas ofereciam, chega a culpa de não se estar tão feliz como as circunstâncias exigem. Os católicos arranjam sempre uma razão qualquer para estarem em falta para com mundo. Raios nos partam.

21
Mai09

Você na TV

Laura Abreu Cravo

Sim, é verdade. Ontem à tarde fui entreter senhores reformados e beneficiários do fundo de desemprego com o tema “Mulheres na política: quotas ou mérito”? na mui aprazível companhia de Edite Estrela, José Adelino Maltez, e do nosso Henrique Raposo. À parte de todas as razões racionais — temos apresentações em powerpoint prontas a distribuir aos interessados — apresentadas para que qualquer mulher de bom senso prefira entalar os 10 dedinhos das mãos na porta de um jipe em vez consentir num sistema de quotas, lembrei-me de um episódio delicioso que aconteceu há pouco mais de um ano, quando a mãe de um amigo próximo lhe pediu que me levasse como companhia para um jantar semi-formal que ia acontecer lá em casa. Nas palavras da doce senhora, embora não se percebesse grande coisa daquilo que eu dizia (foi uma fase em que li 4 Agustinas de seguida), eu compunha lindamente uma mesa. Há imenso mérito em compor universalidades, mas não deixa de se ser uma jarra.

14
Mai09

Até ao fim

Laura Abreu Cravo

Quando me informam que alguém de quem nunca gostei tem uma doença grave (ou mesmo terminal), não sou invadida por qualquer espécie residual de alegria, mas também não sou capaz de mudar aquilo que sentia por essa pessoa antes de receber a dita informação. Os nossos inimigos e animosidades devem ser tratados com a lealdade que se exige na guerra. A pena deveria (como a tortura) estar proibida pela convenção de Genebra. Na adversidade (mesmo que só dele), odiar o outro como em todos os dias até ali; deixar a compaixão para os que sempre gostaram dele, e ser, assim, até ao último momento, fiel ao conflito que ambos promoveram.

13
Mai09

Doces 90

Laura Abreu Cravo

Lembro-me que, na escola secundária onde andei (como em todas as escolas secundárias dos ínicios dos anos 90) havia um grupo de metaleiros altamente rebelde e respeitado entre os mais novos. Eram os improváveis irmãos Barreto cujo nome de família denunciava as origens betas e dava cabo da estatística grunge. Quando olhava para aquela tribo, de calças elásticas e t-shirts temáticas, perguntava a mim mesma que músicas estariam a ouvir nos Walkman Sony que traziam sempre ligados. Imaginava os típicos cânticos guturais de adoração a demónios (tanto mais porque se vivia na altura a agitação daquele rapaz de Ílhavo que resolveu despachar a família toda num agradável fim de tarde). Um dia, a turma do mais novo dos irmãos partilhou com a minha turma a aula de trabalhos manuais. Olhei para o rapaz e perguntei o que estava a ouvir. Estendeu-me os headphones. Era o Sangue Oculto, dos GNR. O mesmo que eu ouvia com entusiasmo há semanas, mas que, para movimento metaleiro me pareceu um bocado pífio e normopata. Mais estranho do que aquilo, só se estivesse a ouvir Maria Guinot. Desde então, nunca mais consegui olhar os bad boys da mesma maneira.

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