04
Jan08
2008
Laura Abreu Cravo
O acordar foi igualmente penoso, o frio tão atroz como o dos outros dias e a chuva dominava sobranceiramente as ruas. No corredor da casa — enquanto corria, ainda sem sapatos, atrás de um qualquer essencial de última hora— a inevitável queda no soalho de sempre; na rua, bátegas de água suja vertidas de uma varanda enlameada deram as boas vindas ao casaco branco acabado de sair da lavandaria.
No primeiro, que se quer calmo, todos tiveram urgências dignas do último dos dias e o almoço — que acolheria o ano por encetar— chegou embrulhado em película aderente para ser servido à frente do monitor. Não fosse a gritaria à meia-noite e o rosnar das velhas nos cafés ante a sinalética anti-tabaco, juraria que não começou 2008.