01
Jun07
Das felicidades pequeninas
Laura Abreu Cravo
Quando estiver a viver os momentos mais felizes da minha vida não terei disponibilidade mental para coisas menores. Para comentar e conjecturar sobre a vida dos outros, para fazer referências jocosas ou sequer meramente circunstanciais. Espero (e sei que irei) interromper os tempos idílicos sempre que um amigo precise ou peça, sempre que se justifique por imperiosa razão, porque os tempos felizes dependem também das grandes e pequenas vitórias e derrotas dos que nos são próximos.
Mas nunca interromper ou conspurcar a plenitude dos dias com as reles mundanidades de vidas que não são minhas, corromper a agenda com a expiação mediata de pecadilhos alheios sem mandato para a redenção dos outros.
Quando estiver a viver os meus melhores momentos — como já aconteceu no passado — o modo pause só se justifica para abraçar quem mereça ou precise ou tenha ganho esse direito. A felicidade que se deixa interromper ou contaminar pela avidez dos pormenores da vida alheia é uma felicidade pequenina. E felicidades pequeninas provocam-me náuseas.
Mas nunca interromper ou conspurcar a plenitude dos dias com as reles mundanidades de vidas que não são minhas, corromper a agenda com a expiação mediata de pecadilhos alheios sem mandato para a redenção dos outros.
Quando estiver a viver os meus melhores momentos — como já aconteceu no passado — o modo pause só se justifica para abraçar quem mereça ou precise ou tenha ganho esse direito. A felicidade que se deixa interromper ou contaminar pela avidez dos pormenores da vida alheia é uma felicidade pequenina. E felicidades pequeninas provocam-me náuseas.