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Mel Com Cicuta

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room. William Hazlitt

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room. William Hazlitt

Mel Com Cicuta

17
Set07

Do francês "clivage"

Laura Abreu Cravo
Fixava as mulheres com um esgar entre a fome e o despeito. Como se culpasse todas pelas que o não quiseram ou pelas que, tendo querido, o não fizeram feliz. Queria as mulheres bonitas nas mesma medida em que as desprezava por não serem homens. Às mulheres com quem se relacionava seriamente era fria mas discretamente infligido um processo de adoração (do próprio) e mimetização até que se tornassem em espelhos reflectores da sua imagem, momento em que, invariavelmente, passava a ter-lhes raiva. Odiava-as tanto quanto as suas próprias limitações. As mulheres que o amaram foram as mesmas que o condenaram ao fracasso, mostrando-lhe a sua incurável pequenez.
17
Set07

...

Laura Abreu Cravo

O Mel com Cicuta chegou ao Sapo. Depois de uma semana a tentar pôr este You-Tube (sobre o qual um dia falaremos mais detidamente), da consequente desformatação do blogue -- que nos deixou num estado de irritação capaz de fazer aquela dança simpática dos jogadores de rugby neo-zelandeses parecer um inofensivo vira do Minho -- e de umas limpezas de Outono ao Template, a emissão prossegue. Sejam bem-vindos, como de costume, e façam a gentileza de deixar as pipocas lá fora.

 

12
Set07

...

Laura Abreu Cravo
"(...) O aparecimento da vulgaridade costuma ser útil muitas vezes na vida: ela alivia as cordas demasiado tensas, atenua os sentimentos de presunção ou de falta de respeito próprio, lembrando-lhes o seu parentesco com eles.(...)"

Ivan Turguéniev, Pais e Filhos
12
Set07

Caçar Elefantes

Laura Abreu Cravo
Alguma das almas esclarecidas e caridosas que frequenta esta casa saberá explicar-me, muito devagarinho e como se eu tivesse 5 anos de idade, porque é que deixei de conseguir publicar you-tubes e o que é posso voltar a fazê-lo?
Respostas à caixa de e-mail.
A gerência agradece.
11
Set07

Modelos familiares alternativos (a Tv cabo)

Laura Abreu Cravo
[Ela] – Boa tarde, estou a falar de (…) sou o cliente número(…) e tenho um processo de reparação em curso. Vieram cá já 3 equipas técnicas vossas, nos passados dias 22, 23 e 24 de Agosto e o problema persiste.
[o call center] – Muito bem. E pode dizer-nos em que consiste?
[Ela] – (resposta, extensa, cheia de termos técnicos relativos ao universo da televisão por cabo que nem nunca sonhara saber utilizar).
[o call center] – Então vamos agendar uma nova visita, deve ser suficiente trocar a power box.
[Ela] – mas já vieram cá 3 vezes, e já trocaram a power box em duas deles, depois trocaram toda a instalação interna (fios, tomadas e fichas) e, finalmente, substituíram a ligação externa na caixa que fica de fora do prédio.
[o call center] - Então vamos agendar uma nova visita, para que o nosso técnico perceba o novo procedimento a desenvolver
[Ela] – Ouça, eu já estive em casa 3 tardes (*rosna*), o vosso técnico já fez tudo o que podia ser feito dentro de casa (*espuma*), o problema, segundo indicações que os vossos próprios serviços me deram, é externo (*suspiro*).
[o call center]- Então vamos agendar uma nova visita, com a equipa de exteriores.
[Ela] – Se é uma equipa de exteriores não tem de agendar visita nenhuma, certo? tratem do que têm a tratar e depois informem-me para eu poder confirmar se houve melhoria no serviço (*pragueja*).

3 dias, 4 visitas, 28 telefonemas e 3 xanax depois, o problema estava já resolvido sem que ninguém tenha conseguido perceber bem como.

[o call center] – Boa tarde, Dona Laura (*arrepio profundo e esgar de irritação*), fala Miguel, da Tv cabo (*já é a quinta vez que falamos em 2 dias, aparentemente somos chegados*), é só para confirmar a informação que nos foi dada pelo seu marido.
[Ela] – Quem?
[o call center] – O senhor que nos atendeu e informou que os problemas estavam resolvidos, a senhora não foi avisada?
[Ela] - Mas eu não …
[o call center] – Fomos atendidos por um senhor que se identificou como vivendo nesta morada e confirmou a resolução do problema. Aliás, o senhor disse mesmo que tinha tido origem num curto circuito causado por um pequeno acidente doméstico causado com um brinquedo de um dos vossos filhos.
[Ela] – Filhos? Mas…(?)
[o call center] - Er…não se zangue, ele se calhar não lhe contou para não a maçar com as crianças.
[Ela] – Mas…
[o call center] – Pelo menos tem o assunto resolvido!
[Ela] – Pois (*exausta, decide desistir de remar contra a maré*).
[o call center] – Então boa tarde e disponha sempre.
[Ela] - boa tarde…
10
Set07

...

Laura Abreu Cravo


Não que isto interesse, mas a minha última semana de férias foi miserável. Regressada de Londres — sem antevisão possível para a retoma financeira depois do rombo que a Libra causou — uns simpáticos vírus resolveram instalar-se e atirar-me para 4 dias de febre, sofá, programas televisivos para reformados e a quase vã tentativa de avançar na pilha de livros. Os dias, lá fora, gloriosos e coloniais. E a enferma delirante e mal-humorada chorava saudosa do Inverno, época muito mais adequada a qualquer tipo de maleitas. Quem pode evitar esboçar um sorriso amparado ante a ideia de buscar no edredão de penas e no chá a ferver o conforto dos dias engripados quando a chuva e o vento fustigam os transeuntes a quem acenamos mentalmente, não sem alguma ironia sobranceira, ainda que no auge da sucessão de espirros?Desta vez nenhum desses confortos infantis como a justificada permanência em casa em dia de trabalho ou a temperatura glaciar lá fora. Desta vez a janela mostrava trocista um céu azul envaidecido, gentes com roupas frescas e uma webcam num site da especialidade exibia despudoradamente a praia do Guincho sem vento. Desta vez o Verão de Agosto durou 4 dias. Os mesmos que a bula do medicamento prescrevia para a recuperação.
10
Set07

O Direito em forma de gente

Laura Abreu Cravo
E como as pessoas, às vezes, se parecem com os ramos de direito: as muito interessantes (porque complexas) mas quase impraticáveis numa base diária, as relativamente simples mas enfadonhas, as obscuras — quase inexpugnáveis— só acessíveis a praticantes experimentados e ardilosos, aquelas de quem se gosta muito por motivos lúdicos mas com quem não se quer mais do que uma relação pontual e difusa e, finalmente, as que escolhemos para todos os dias com tanto de entusiasmantes como de rotineiras, que nos estimulam ao mesmo tempo que nos exasperam entre a novidade e o enfado, que nos plantam um sorriso vitorioso mas não deixam (nunca) de nos ameaçar com antevisão da derrota nos pequenos percalços da convivência quotidiana.
04
Set07

Maquiavéis de trazer por casa

Laura Abreu Cravo
Nada contra aqueles que instrumentalizam coisas ou pessoas visando determinado objectivo. Afinal, a obstinação e a capacidade para planear, eficazmente, a médio ou longo prazo, são indícios claros de destreza de espírito e vontade férrea. Todavia, aquilo que distingue um diplomata de um bárbaro a quem se tenha dado uns cadernos militares é o facto de, no primeiro, o pudor actuar sempre sobre a estratégia (dissolvendo-a e mitigando os seus efeitos e consequências aos olhos mais sensíveis). O mundo admira os destemidos ou bravateiros por pouco mais de 15 minutos mas é capaz de respeitar (com temor distanciado) os ardilosos durante uma vida inteira.

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