Companhia para Invernos soalheiros e, com sorte, solarengos*
*com um agradecimento ao leitor atento.
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*com um agradecimento ao leitor atento.
Será possível — perguntava a ele próprio — que, se um homem for demasiado racional para se apaixonar, o espere um destino pior: cair numa obsessão?
Graham Greene, O cônsul honorário
É verdade, Lourenço. Não se trata tanto de não gostar do Natal quanto de não apreciar o espectáculo circense. As nossas lojas são ocupadas por uma horda de ávidos consumidores ocasionais (há uma semana que declarei qualquer loja do chiado território interdito); não se consegue sair de casa para comprar pão sem ter de gramar com 67 pais natais; grande parte dos locais anteriormente civilizados transforma-se numa ode ao material inflamável; e, finalmente (mais grave que tudo o resto) o bruaá das nossas ruas é deposto pelas músicas natalícias, que mais parecem uma marreta, tal a subtileza da abordagem. E ainda usaram a varanda do meu prédio para suporte de uma iluminação de gosto duvidoso. O Natal é quando o homem quiser? Com certeza. Assim sendo, se não se importam, podiam tratar do assunto em Agosto, quando estou fora em viagem. Obrigada.
for twenty-nine years before I saw you
Acabado de chegar. Da Amazon para a minha precária sanidade mental.
Dos que dizem “não ser dados a nostalgias”, a pena que se tem de quem não viveu nada que queira recordar ou valesse a pena viver de novo.
Não sei se é de ter passado o segundo fim-de-semana seguido em reclusão e estado febril, se da alienação social dos últimos tempos, da irritação por ter de dar importância a pormenores logísticos e comezinhos, da magnitude das mudanças recentes ou de andar a ouvir Anthony and the johnsons vezes demais. Há qualquer coisa de desnecessariamente penoso e deslocado neste universo decorativo. Como uma sala lindíssima revestida a damasco e pau santo onde alguém tenha deixado esquecido um cadeirão de verga.
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