...
Deixem-se estar nos vossos afazeres. Eu vou só sentar-me aqui um bocadinho e esperar que a estupidez dos dias passe, sim?
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Deixem-se estar nos vossos afazeres. Eu vou só sentar-me aqui um bocadinho e esperar que a estupidez dos dias passe, sim?
Alimentar o blogue, o twitter e o facebook.
Salomè con la testa del Battista, Caravaggio
Acordo, faço movimentos pouco úteis e circulares durante algum tempo até estar pronta e saio porta fora para um dia hostil de cinzento. Decidi trazer do fundo do armário uns consideráveis saltos altos que raramente vêem luz. Um vizinho cioso da higiene da soleira da sua porta resolve, todas as manhãs, em plena rua da Misericórdia, limpar a calçada portuguesa (inclinada e naturalmente escorregadia) com esfregona e detergente. Não tenho de explicar ao caro leitor o que aconteceu assim que os meus saltos 12 cm tocaram levemente aquela armadilha mortal, pois não?
Nunca vou perceber os que, por princípio, rejeitam a banalidade. Como se fosse tão somente uma perda de tempo. Não se faz uma vida de banalidades, mas não se pode viver sem elas. São a única forma de quebrar o silêncio sepulcral e doído depois de uma discussão entre duas pessoas íntimas mas, naquele momento, demasiado afastadas pelo perigo iminente de voltar ao assunto que ensombra a paz ainda precária. São a porta de entrada para os mundos fechados dos desconhecidos, esquivos ou magoados e o único registo seguro entre os lados opostos das disputas sérias que distanciam os homens. As banalidades, em muitos casos, são a balsa de salvação que nos impede de sermos afogados nos nossos desvarios emocionais e imprudências linguísticas e palavrosas.
Por Deus, não se ponham já todos com os pés à mostra, sim? Sandálias em quantidade, mas nunca antes de Maio.
1 seguidor
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.