O rei da selva
Pior do que apoiar um louco e tentar legitimá-lo com o mero objectivo de atingir um propósito perverso, é apoiar um louco por se acreditar ainda que remotamente na bondade final da sua diatribe alienada.
Não sei se o leitor está a ver onde quero chegar, mas funciona um bocadinho como adoptar por bicho de sala um animal selvagem: há de haver um dia em que o bicho cheira, ao longe, o sangue dos bifes que estão a descongelar na bancada da cozinha e nos salta à goela.
Nessa altura, não peço mais do que uma cadeira e um bom copo de vinho tinto. Sou uma mulher simples, que, por vezes, tem o guilty pleasure de se deixar entreter pelo ridículo, mais do que pelo trágico.