18
Dez07
On conservative girls
Laura Abreu Cravo
Desde que cheguei à blogosfera tenho assistido a um interessante corrupio de auto e hetero definições entre liberais e conservadores. Argumentos de pendor económico, nuns casos; noutros, a não menos relevante questão dos costumes. Uns e outros tomando posições no mundo partindo do pressuposto de que pertencem a uma destas famílias ou, num trajecto inverso, descobrindo-se membros de uma ou outra tendo em conta as suas posições ante casos concretos. Conheço poucos blogues que se definam como liberais e não tenham uma linha editorial exclusivamente politica, talvez apenas estes rapazes. Já nos conservadores, basta atentar na epígrafe apresentada pelo jovem Tiago (que posso quase garantir, a escrever desta maneira, nasceu já com 47 anos) ou neste cavalheiro (com quem basta estar durante o tempo suficiente para lhe ouvir um par de palavras e perceber o quão apelativo pode ser o vinco do tweed emocional).
Ao contrário de muitos que tenho o prazer de ler, não percebi nada destas coisas senão a duras penas. Não vibrei ao descobrir-me liberal, no que à economia diz respeito, porque tudo isso me pareceu bastante e apenas inevitável, mas no resto, naquilo que é a vida e a minha relação com o mundo, na minha experiência não apenas sensorial com tudo o que me rodeia, a ferro e fogo fui-me descobrindo conservadora, reaccionária mesmo. Porque a mudança, mesmo para melhor, mesmo para acomodar o ainda desconhecido bom que vem tomar lugar do mau já familiar, não chega nunca sem resistência, sem uma guerra interior de horror ao incerto, sem a necessidade de deitar fogo ao que lá esteja para poder plantar de novo. Não quer dizer que o conservador não reconheça e ceda à necessidade de mudar, significa apenas que a mudança se nos apresenta (sempre e necessariamente) como um princípio agressivo, como um reduto último, temido e respeitado como as grandes tempestades no mar.
Muitos dirão que em cada conservador está um pateta medroso e inseguro. Mas há uma parcela de humanidade com esta singular e estranha característica: quando lhe tiram o conhecido e o que tem por certo, olha para as próprias mãos em concha e identifica apenas o desconhecimento do porvir e o aguardado mundo de novas vivências. E todo esse novo mundo, até ver, parece demasiado pouco de tão vasto.
Ao contrário de muitos que tenho o prazer de ler, não percebi nada destas coisas senão a duras penas. Não vibrei ao descobrir-me liberal, no que à economia diz respeito, porque tudo isso me pareceu bastante e apenas inevitável, mas no resto, naquilo que é a vida e a minha relação com o mundo, na minha experiência não apenas sensorial com tudo o que me rodeia, a ferro e fogo fui-me descobrindo conservadora, reaccionária mesmo. Porque a mudança, mesmo para melhor, mesmo para acomodar o ainda desconhecido bom que vem tomar lugar do mau já familiar, não chega nunca sem resistência, sem uma guerra interior de horror ao incerto, sem a necessidade de deitar fogo ao que lá esteja para poder plantar de novo. Não quer dizer que o conservador não reconheça e ceda à necessidade de mudar, significa apenas que a mudança se nos apresenta (sempre e necessariamente) como um princípio agressivo, como um reduto último, temido e respeitado como as grandes tempestades no mar.
Muitos dirão que em cada conservador está um pateta medroso e inseguro. Mas há uma parcela de humanidade com esta singular e estranha característica: quando lhe tiram o conhecido e o que tem por certo, olha para as próprias mãos em concha e identifica apenas o desconhecimento do porvir e o aguardado mundo de novas vivências. E todo esse novo mundo, até ver, parece demasiado pouco de tão vasto.