Banalidade, um paliativo
Nunca vou perceber os que, por princípio, rejeitam a banalidade. Como se fosse tão somente uma perda de tempo. Não se faz uma vida de banalidades, mas não se pode viver sem elas. São a única forma de quebrar o silêncio sepulcral e doído depois de uma discussão entre duas pessoas íntimas mas, naquele momento, demasiado afastadas pelo perigo iminente de voltar ao assunto que ensombra a paz ainda precária. São a porta de entrada para os mundos fechados dos desconhecidos, esquivos ou magoados e o único registo seguro entre os lados opostos das disputas sérias que distanciam os homens. As banalidades, em muitos casos, são a balsa de salvação que nos impede de sermos afogados nos nossos desvarios emocionais e imprudências linguísticas e palavrosas.