Por Deus, façam cerimónia.
Não sejam tudo, em directo, a todo o tempo, com todas a pessoas. Não presumam que estão autorizados a ser, sempre, absolutamente sinceros. A transparência, vício dos impolutos, está a dois ténues passos do asselvajamento e nem todos conseguem abster-se de transpor a perigosa linha. Os amigos dos nossos amigos não serão, por osmose, nossos amigos e as relações relativamente próximas não são necessariamente íntimas. Por isso, façam o favor de fingir, engolir em seco para não ofender, mentir, se preciso for, em vez de dar largas à vossa indefectível verdade.
Quando o utilizador não é suficientemente experimentado ou sequer polido para envolver a sinceridade num manto de delicadeza — e a menos que esteja a depor em tribunal ou ajoelhado em confissão — que se cale; e evite maçar aqueles que dedicam toda uma vida a escolher as palavras certas.